A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou o ano de 2024 como o mais quente já registado, com um aumento da temperatura média global de 1,55 graus Celsius (ºC) acima da média pré-industrial de 1850-1900. Também o mês de janeiro de 2025 foi o mais quente alguma vez registado, com a temperatura média global a exceder em 1,75ºC o nível pré-industrial.
O Serviço de Monitorização de Alterações Climáticas Copernicus afirma que janeiro último foi o 18.º mês dos últimos 19 com um aumento acima dos 1,5°C, o limite fixado pelo Acordo de Paris para o aquecimento global induzido acima da linha de base pré-industrial
O serviço europeu Copernicus salienta que nem a ocorrência do ‘La Niña’ – fenómeno meteorológico natural cíclico de diminuição da temperatura no oceano Pacífico, em contraponto com o aquecimento provocado pelo ‘El Niño’ – impediu que janeiro fosse o mês mais quente de sempre.
O aquecimento global também continua a aumentar no oceano, com o registo em 2024 das maiores temperaturas de sempre à superfície do mar e no conteúdo de calor do oceano nos 2000 metros superiores. A conclusão é de 54 cientistas, de sete países e 31 institutos, que analisaram um vasto conjunto de dados e publicaram, em janeiro, o artigo “Record High Temperatures in the Ocean in 2024”, na revista Advances in Atmospheric Science
Os glaciares também sofrem os efeitos do aquecimento global, com uma perda de 273 mil milhões de toneladas de gelo por ano desde o início do século. A conclusão é de 61 cientistas, de 49 centros de investigação e 18 países, que publicaram neste fevereiro, na revista Nature, o artigo “Community estimate of global glacier mass changes from 2000 to 2023”.
Numa comparação global, os glaciares europeus dos Alpes e dos Pirinéus são os que estão a derreter mais rapidamente. A perda de gelo dos glaciares desde 2000 já provocou uma subida do nível do mar em 18 milímetros.
A ameaça de desaparecimento dos glaciares levou a assembleia geral das Nações Unidas a declarar 2025 como o Ano Internacional de Preservação dos Glaciares. Comemora-se 21 de março próximo o primeiro Dia Mundial dos Glaciares.
A ameaça climática agravou-se em 2024, o que “significa que precisamos de lutar ainda mais para entrar no caminho certo. Temperaturas altíssimas em 2024 exigem ação climática pioneira em 2025. Ainda há tempo para evitar o pior da catástrofe climática. Mas as lideranças políticas devem agir agora!” – afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.